Chapter 3: Capítulo 3: O Caminho da Esperança
Victor avançava com cautela pela floresta densa, sentindo os pés pesados contra o solo úmido e irregular. A névoa espessa o envolvia como uma cortina turva, obscurecendo sua visão e tornando cada passo uma incerteza. Ele sabia que os outros competidores estavam por ali, provavelmente se espalhando em busca de recursos, mas a única coisa que ele podia fazer por enquanto era confiar em sua astúcia e em sua habilidade limitada de manipulação gravitacional.
A habilidade de Victor não era o tipo que causava destruição em massa, como as de outros competidores mais poderosos. Ele não podia controlar grandes forças gravitacionais nem criar campos devastadores de energia. Em vez disso, sua habilidade era mais sutil, permitindo-lhe manipular a gravidade em pequenas áreas ao seu redor. Ele poderia aumentar ou diminuir o peso de objetos, controlar a gravidade em pequenos pontos de uma superfície, o que lhe dava certa vantagem em situações específicas, mas nenhuma força direta contra ataques.
O silêncio era profundo, interrompido apenas pelo farfalhar das folhas e pelo som distante de outros competidores. Cada árvore parecia esconder um mistério, e cada sombra parecia carregar o risco de um ataque. A sensação de ser observado era constante, e Victor sabia que estava em um território selvagem, onde qualquer erro poderia ser fatal.
Ele avançou para uma área mais aberta, onde a vegetação estava menos densa. Ali, ele percebeu uma trilha que se estendia adiante, marcada por pegadas recentes e sinais de movimento. Isso significava que outros competidores haviam passado por ali. Se ele fosse seguir essa trilha, poderia encontrar alguém ou talvez um recurso valioso. Mas também sabia que isso significava que ele não estava sozinho, e a cada passo, a possibilidade de um confronto aumentava.
Enquanto refletia sobre o próximo passo, Victor se lembrou das palavras de sua mãe: "Você sempre terá um lar." Essas palavras, simples, mas poderosas, acenderam uma chama dentro dele. Sua família estava dependendo dele, e ele não poderia falhar. Ele não tinha o luxo de ser imprudente. Não podia simplesmente seguir outros competidores ou confiar apenas em sua sorte. Ele precisaria fazer o que fosse necessário para sobreviver e voltar para casa.
O som de passos se aproximando o fez reagir rapidamente. Sem pensar muito, ele se agachou por trás de um grande arbusto, observando o movimento na trilha. A figura que se aproximava era alta e robusta, com os ombros largos e um semblante feroz. Era um competidor de rank superior, alguém que parecia ter experiência de sobra em ambientes como aquele. Ele carregava um grande machado, que balançava perigosamente a cada passo. Victor engoliu em seco e tentou se manter o mais silencioso possível, esperando que o competidor passasse sem notar sua presença.
O homem, que parecia estar em busca de algo, passou sem perceber Victor. Porém, o alívio foi curto. Quando ele estava quase fora de vista, o som de um estalo seco no chão fez o homem parar. Ele se virou rapidamente, os olhos fixos na direção de Victor, que sentiu um frio na espinha.
O homem não avançou de imediato, mas ficou parado, observando a direção de Victor. A tensão era palpável. Victor sentiu a gravidade ao seu redor começando a se intensificar, sua mente automaticamente calculando as possibilidades. Ele não queria lutar com aquele homem, mas não tinha escolha. Ele não tinha recursos e precisava se proteger.
"Você está bem escondido, pequeno", disse o homem, a voz grave, mas sem agressividade imediata. Ele deu um passo em direção a Victor, sua expressão misturando curiosidade com um toque de diversão. "Vejo que você não está aqui para fazer amigos. Então, o que é? Você vai me atacar ou vai correr?"
Victor respirou fundo, tentando controlar a tensão que ameaçava tomar conta de seu corpo. Sua habilidade de manipulação gravitacional não era útil para um confronto direto, especialmente contra alguém tão forte fisicamente. Mas ele ainda tinha a vantagem de poder usar o terreno a seu favor. Ele olhou ao redor, rapidamente avaliando o ambiente.
"Eu só quero sobreviver", respondeu Victor, a voz firme. "Não quero brigar."
O homem soltou uma risada baixa. "Sobreviver... Todos aqui querem sobreviver. Mas na floresta, a sobrevivência tem seu preço."
Victor sabia que estava lidando com um competidor experiente. Esse homem não teria hesitado em atacar se fosse necessário, e ele ainda não sabia o que realmente havia por trás daquela ameaça. Ele precisava ganhar tempo.
"Você parece estar em busca de algo", disse Victor, tentando desviar a conversa e ganhar algum tempo. "Você já encontrou o que procurava?"
O homem deu uma olhada desconfiada em Victor, mas a pergunta pareceu despertá-lo de seu foco inicial. Ele fez um movimento com o machado, ajustando-o na posição de descanso. "Estou apenas coletando recursos. A floresta tem muitas coisas que podem ser úteis, se você souber onde procurar."
Victor percebeu que, embora o homem parecesse ser uma ameaça, ele também estava agindo de forma pragmática, como se sua experiência de sobrevivência o tornasse mais focado nos recursos do que no confronto direto. Isso poderia ser uma vantagem. Se Victor conseguisse se aproximar do homem sem ser detectado, ele poderia aprender mais sobre a estratégia dele e possivelmente usá-la a seu favor.
"Eu tenho algo que posso oferecer", disse Victor, tentando usar um tom de barganha. "Eu não tenho comida ou armas, mas talvez eu possa ajudar a encontrar algo útil. Se você me der uma chance, talvez possamos trabalhar juntos."
O homem observou Victor por um longo momento, seu olhar avaliando o jovem antes de finalmente assentir. "Trabalhar juntos, hein? Você não parece ter muita coisa a oferecer, mas talvez eu te dê uma chance. Mas lembre-se, aqui, a confiança não é dada de graça."
Com um leve aceno de cabeça, o homem se afastou, e Victor, aliviado por não ter sido atacado, o seguiu à distância. Ele sabia que precisava ficar atento e nunca baixar a guarda. Trabalhar com esse competidor poderia ser uma boa oportunidade, mas ele sabia que em Osferia, até as alianças mais improváveis podiam ser quebradas a qualquer momento.
Enquanto caminhava ao lado do homem, Victor tentava manter uma postura discreta. Ele observava cada movimento, cada escolha de caminho que o competidor fazia, tentando aprender tudo o que podia sobre como sobreviver na floresta.
Finalmente, o homem se deteve diante de um grande arbusto, cujas folhas eram cobertas por uma substância viscosa e brilhante. "Aqui", ele disse com um tom de satisfação. "Essas folhas são extremamente raras. Elas podem ser usadas para curar ferimentos graves, ou, em algumas situações, até mesmo para envenenar."
Victor se aproximou, observando as folhas com atenção. O brilho estranho parecia emitir um tipo de energia suave, e ele sentiu que poderia aprender mais sobre aquele elemento. Embora a sua habilidade gravitacional não fosse diretamente útil para manipular substâncias naturais, ele podia usar o que aprendeu com as leis da física para compreender melhor os recursos ao seu redor.
"É bom saber disso", disse Victor, mais para si mesmo do que para o homem. Ele sabia que precisava usar essa oportunidade para aprender, não só sobre os recursos naturais, mas sobre os outros competidores, suas habilidades, suas estratégias. Só assim poderia sobreviver à Primeira Prova.