Asta o Novo Rei

Chapter 5: Tesouro



Enquanto o vento cortava o mar e as velas do navio se enchiam com a brisa, Asta observava o horizonte, seus olhos fixos no futuro que imaginava. As águas turbulentas que enfrentavam não eram nada comparadas às batalhas internas que os aguardavam, mas ele sabia que seu propósito era mais forte do que qualquer obstáculo.

 

O País Hino, uma terra longe do alcance das mãos dos Cavaleiros Mágicos, era o local perfeito para recomeçar. Ali, ele acreditava, poderia reunir forças para não apenas resistir, mas desafiar o regime que dominava o continente com punho de ferro.

 

Enquanto o navio navegava pelas águas serenas, Asta reuniu seus aliados para uma conversa importante. "Nós não estamos indo apenas para o País Hino, estamos indo para a terra onde nossas esperanças podem florescer. Mas para isso, precisamos ser mais do que apenas guerreiros. Precisamos ser líderes, inspirar aqueles que sobreviveram em silêncio."

 

Os membros do grupo, um tempo diverso formado por heróis de diferentes origens, ouviram atentamente. Cada um sabia que os desafios à frente não seriam simples. A magia dos Cavaleiros Mágicos era imensa, suas forças bem treinadas, mas a união de um povo decidido poderia ser mais poderosa do que qualquer feitiço.

 

Um de seus mais novos aliados, um ex-cavaleiro de um reino distante, falou com sinceridade: "Você está certo, Asta. Não se trata apenas de lutar contra a magia ou a opressão. Trata-se de dar às pessoas uma razão para lutar, uma razão para acreditar que podemos viver sem medo. E isso começa com nós, com os que já tomaram a decisão de lutar."

 

Asta congratulou-se com o ex-cavaleiro, grato pelas palavras de apoio. "Sim, começaremos por nós, mas nunca esqueceremos que cada passo que damos é um passo para todos. O País Hino será o nosso bastião, mas cada aldeia, cada cidade que encontrarmos, será uma fortaleza de resistência. Juntos, vamos apagar o medo e acender a chama da liberdade."

 

O som do mar e o murmúrio dos ventos trouxeram uma sensação de calma, mas, no fundo de seus corações, todos sabiam que a verdadeira tempestade ainda estava por vir. O País Hino não seria apenas um refúgio, mas um campo de batalha. A batalha pela liberdade estava a começar, e o destino de todos estava em suas mãos.

 

E assim, com coragem renovada e os corações cheios de determinação, Asta e seus aliados avançaram, prontos para escrever uma nova história – uma história onde o povo fosse livre, e o medo, finalmente, fosse derrotado.

Antes de partir, enquanto o sol começava a se pôr, tingindo o céu de cores douradas, Morgana procurou por Asta. Ela sabia que a jornada à frente seria difícil, mas sentia que havia algo mais que ele precisava saber. Algo que poderia fazer a diferença entre a vitória e a derrota nas batalhas futuras. E foi isso que a levou até ele.

"Asta, há algo que preciso lhe entregar", disse ela, com um olhar sério, mas determinado. Seus olhos brilhavam como se um grande segredo estivesse prestes a ser revelado. Ela tirou de sua capa um grimório. Mas não era qualquer grimório — era um grimório dourado, com símbolos enigmáticos gravados em sua capa.

 

Asta olhou para o grimório, um pouco surpreso. Ele já tinha ouvido falar de grimórios especiais, mas este... este parecia diferente. O dourado brilhava com uma intensidade sobrenatural, quase como se emanasse uma energia própria.

 

"Eu... encontrei isso há muito tempo", começou Morgana, segurando o grimório com cuidado, como se ele fosse frágil, mas ao mesmo tempo poderoso. "Este grimório é mais do que apenas um livro de feitiçaria. Há rumores de que ele veio do próprio céu, ou de um reino celestial. Alguns dizem que ele contém poderes além da compreensão humana, uma magia antiga que transcende o tempo e o espaço."

 

Asta olhou para ela, suas sobrancelhas se franzindo, ainda sem entender totalmente. "Mas, Morgana... por que me dar isso agora?"

Morgana sorriu levemente, quase como se tivesse esperado por essa pergunta. "Porque você, Asta, tem algo que os outros não têm: uma determinação inabalável e um coração puro. Eu acredito que esse grimório escolheu você."

 

Asta não sabia se estava ouvindo a verdade ou se seus ouvidos estavam pregando uma peça, mas algo no Tom de Morgana o fez acreditar. Ele podia sentir que aquele grimório estava esperando por ele de alguma forma, uma energia intensa e profunda que parecia ligada ao destino.

"Eu não sou um mago, Morgana", disse ele, seus olhos voltando para o grimório. "Como posso usar algo como isso?"

"Você não precisa ser um mago tradicional para usá-lo, Asta", respondeu ela, com um tom suave, mas firme. "Este grimório não escolhe apenas pela magia. Ele escolhe aqueles que têm coragem, que têm a força para mudar o mundo. Você, Asta, é alguém que acredita em um futuro melhor. E esse grimório reflete essa crença."

 

Com um suspiro, Asta finalmente estendeu a mão, aceitando o grimório dourado. Quando seus dedos tocaram a capa, uma onda de energia percorreu seu corpo, como se uma corrente elétrica tivesse sido desencadeada. Ele sentiu algo diferente, algo... antigo e imenso, mas ao mesmo tempo, familiar. O grimório parecia ter vida própria, como se tivesse reconhecido a escolha dele.

"Agora, você carrega não só o seu destino, mas o de todos ao seu redor", disse Morgana, sorrindo com uma expressão de confiança. "Este grimório não será apenas um símbolo de sua jornada. Ele será uma chave para desbloquear o poder que você precisa para enfrentar o futuro."

 

Asta sentiu o peso do grimório em suas mãos, mas também uma sensação de força interior que nunca experimentou antes. Era como se estivesse pronto para enfrentar qualquer desafio, sabendo que o grimório dourado seria um aliado em sua jornada.

"Eu vou usar isso da melhor maneira possível, Morgana", disse Asta, com uma determinação renovada. "E juntos, vamos construir o futuro que sonhamos."

Com isso, Morgana deu-lhe um último olhar de encorajamento, antes de se afastar. A nave estava pronta para zarpar, e a viagem ao País Hino estava prestes a começar. Mas agora, Asta carregava algo mais — não apenas a esperança de seus aliados, mas também o poder de um grimório celestial. Algo que ele mal sabia, mas que, em breve, mostraria seu verdadeiro propósito.

 

E assim, com o grimório dourado em mãos e um novo destino à sua frente, Asta se preparou para a batalha que mudaria o futuro do mundo.

 

Morgana ficou ali, observando Asta se afastar com o grimório dourado em mãos, sentindo uma mistura de alívio e inquietação. Ela sabia que entregá-lo ao jovem não seria uma decisão simples, mas também sabia que o destino de Asta estava além de qualquer controle humano. Ela suspirou profundamente, fechando os olhos por um momento.

"Se eu tentasse controlá-lo, eu estaria morto agora mesmo", disse em voz baixa, como se se estivesse falando consigo mesmo. A dor de carregar esse conhecimento era palpável. "E minha Floresta Negra, meu povo... tudo isso seria destruído pelo demônio que habita o grimório de cinco folhas."

 

A memória do grimório que ela possuía, um artefato maligno que carregava o espírito de um demônio antigo, ainda pesava sobre ela. O grimório de cinco folhas tinha sido uma ameaça constante, e ela sabia que, se Asta não fosse suficientemente forte ou não soubesse o que estava fazendo, aquela energia maléfica poderia ser o fim para todos.

 

Ela abriu os punhos, sentindo a pressão de sua própria responsabilidade. Mas então, com um suspiro profundo, ela olhou para o céu que começou a escurecer. "Agora, entreguei a ele o grimório de seis folhas... aquele que dizem que veio dos céus." O pensamento de um grimório celestial era ao mesmo tempo fascinante e aterrador. Quem foi ela para desafiar o poder de tal artista? Mas, ao mesmo tempo, sabia que ele tinha um propósito maior.

 

"Se esse garoto realmente criou o seu país, eu juro que eu mesmo farei um pacto com ele", Morgana falou, com uma resolução fria e calculada. Não era uma ameaça, mas uma promessa. Ela sabia que, se o jovem Asta realmente pudesse reunir as pessoas e criar algo que mudasse o equilíbrio do mundo, ela teria que se alinhar a ele, por mais difícil que fosse engolir esse orgulho.

 

Morgana estava ciente de que, se Asta tivesse sucesso, ele poderia ser a chave para um novo futuro — ou o começo do fim de tudo que ela conhecia. Mas o que ela temia mais era que ele não estava preparado para lidar com o poder de um grimório celestial, algo que poderia consumi-lo de dentro para fora.

"Não importa o que aconteça", disse Morgana, seus olhos cintilando com um brilho resoluto. "Eu farei o que for necessário para garantir que a força do grimório de seis folhas seja usada corretamente. Não posso deixar que o mal triunfe, nem que Asta caia na armadilha do poder."

 

Ela se virou em direção à Floresta Negra, uma sensação de peso em seus ombros. As futuras escolhas que ela faria não seriam simples, mas uma coisa estava clara: sua jornada estava entrelaçada com a de Asta. Eles estavam agora conectados por algo muito maior, e Morgana estava disposta a acompanhar essa linha tênue entre a salvação e a destruição.

 

Ela não sabia o que o futuro traria, mas uma coisa ela sabia com certeza: se fosse necessário, ela lutaria ao lado de Asta para garantir que o mundo fosse moldado pelo poder da luz, e não pela sombra que se escondia nos grimórios antigos.

 

Enquanto Asta e seus aliados continuavam a navegação, o som do vento cortando o mar e o suave balançar do navio eram os únicos companheiros em sua jornada. O horizonte à frente parecia se estender sem fim, e o céu, agora tingido de laranja e roxo pelo pôr do sol, oferecia uma sensação de novos começos. Porém, Asta não conseguia evitar o pensamento que persistia em sua mente — o grimório dourado em suas mãos.

 

O grimório de seis folhas, um artista tão misterioso quanto poderoso, agora fazia parte de sua vida. Ele não sabia o que o aguardava, mas uma coisa ele tinha certeza: ele não poderia falhar. O futuro de tantas pessoas dependia de suas ações, e ele estava pronto para enfrentá-lo de frente. Seu destino estava entrelaçado com aquele grimório, e com isso, o peso da responsabilidade parecia aumentar a cada milhão navegando para longe da Floresta Negra.

 

Enquanto o navio se afastava ainda mais, o pensamento sobre Morgana também pesava em seu coração. Ela era uma figura misteriosa, uma aliada, mas também alguém que tinha seus próprios objetivos. O que ele sabia era que, enquanto estava ao lado de seus aliados, e com o grimório em mãos, ele tinha o poder de transformar o futuro. Mas ele se perguntou, ainda, sobre o que Morgana realmente esperava dele. Ela sabia muito mais do que estava disposta a revelar.

 

Os membros do grupo, cada um com seus próprios pensamentos e esperanças, foram focados no futuro. Eles sabiam que o caminho até o País Hino não seria fácil, mas, com Asta liderando e com a força do grimório, acreditaram que poderiam construir algo que superasse as forças opressoras dos Cavaleiros Mágicos.

 

A ideia de formar um novo país, uma nova esperança, foi gravada em seus corações. Mas não seria uma jornada simples. Eles sabiam que as batalhas à frente seriam intensas, e que novos inimigos poderiam surgir, especialmente à medida que se aproximassem de um território desconhecido, longe das garras da tirania que ainda marcavam a terra.

 

O vento uivava, trazendo consigo um leve frio, e o som do mar batendo contra o casco do navio era quase hipnótico. Asta, com o grimório agora seguro em suas mãos, sentindo um novo tipo de poder surgindo dentro de si. Ele não sabia como usá-lo completamente, mas sentiu que algo dentro dele estava se preparando para o despertar, algo muito maior do que ele jamais poderia imaginar.

 

Ele olhou para os rostos de seus aliados, os olhos cheios de determinação, e uma sensação de renovação de confiança ou envolvimento. Eles estavam indo para um futuro que seria moldado por suas mãos, por suas escolhas. Ele tinha algo que os outros não tinham — não apenas a força física, mas uma verdade inabalável no que ele acreditava.

 

"Vamos construir algo grande", Asta disse a si mesmo em voz baixa, olhando para o horizonte à frente. "Não só para nós, mas para todos que acreditam em um futuro melhor."

Com esse pensamento, Asta continua a olhar para o vasto oceano à sua frente, o grimório dourado pulsando levemente em sua mão. Ele sabia que a jornada estava apenas começando.

No coração do Reino de Clover, as ruas estavam marcadas pela poeira e pela miséria. A grandeza dos castelos e da nobreza era oposta à dureza da vida nas favelas, onde os plebeus lutavam diariamente para sobreviver, suprimidos pela tirania do sistema de classes. As casas dos nobres e dos Cavaleiros Mágicos eram imponentes, de pedra sólida e telhados dourados, mas nas ruas mais afastadas, onde os mais humildes viviam, as casas eram simples, muitas vezes de madeira podre e barro. Era como se existissem dois reinos no mesmo lugar — um brilhante e outro sufocado pela pobreza e pelo desespero.

 

A humilhação dos plebeus começava nas primeiras horas do dia, quando a luz do sol mal tocava os telhados e as ruas ainda estavam vazias. As pessoas acordavam com fome, sem saber se conseguiriam um pedaço de pão ou um gole de água para matar a sede. Mulheres, homens e crianças se viam obrigados a trabalhar em condições precárias, em fazendas de grãos, minas e oficinas, sempre sob o olhar severo dos nobres e dos Cavaleiros Mágicos, que pareciam não se importar com o sofrimento das classes mais baixas.

 

Enquanto isso, nas grandes mansões, as festas e os banquetes eram realizados com grande ostentação. A nobreza vivia em luxo, rodeada de magia poderosa e riquezas. Os Cavaleiros Mágicos, com suas capas e espadas cintilantes, marchavam pelas ruas, ignorando os olhares de súplica daqueles que viam suas famílias perecerem sob o peso das leis injustas. A distância entre as classes nunca foi tão visível, com os plebeus vivendo em uma miséria constante enquanto a elite se embriagava no conforto.

 

As humilhações eram parte do cotidiano. Os plebeus eram forçados a pagar altos impostos, suas terras tomadas por senhores feudais que governavam como tiranos, com a desculpa de proteger o reino de Clover. Se algum homem ou mulher ousasse se rebelar ou questionar as leis, logo seria punido, seja com tortura, prisão ou até mesmo com a morte. As crianças nas ruas, descalças e sujas, tinham os olhos vazios, já acostumadas com a realidade cruel de um sistema que as relegava ao sofrimento sem fim.

 

A magia, que deveria ser uma dádiva, era um privilégio de poucos. Os Cavaleiros Mágicos usavam seus poderes para garantir o domínio sobre os plebeus, assegurando que os rebeldes fossem caçados e silenciados. A magia dos plebeus era muitas vezes fraca, sem treinamento adequado, enquanto a nobreza possuía grimórios poderosos que os tornavam quase imbatíveis. A ideia de que um plebeu poderia ascender à grandeza por meio de sua própria magia era uma piada cruel, pois o sistema os mantinha subjugados, sem qualquer chance de mudança.

 

Mas o maior sofrimento vem da vergonha, do estigma de ser considerado inferior, sem direito a voz, nem poder. Os plebeus sabiam que estavam à mercê dos desejos e vontades de uma classe dominante que os via como simples ferramentas para seu benefício. As palavras de consolo eram raras, e as revoltas, quando aconteciam, eram esmagadas com brutalidade. A cada dia, a esperança se dissipava mais, até que, para muitos, a única saída era se submeter ou morrer tentando escapar da miséria.

 

E mesmo entre os poucos que tentaram se rebelar ou lutar por uma vida melhor, a realidade era dura. Muitos foram convocados a unir forças com aqueles que tinham mais poder, como os exércitos dos nobres ou até mesmo se submeterem aos Cavaleiros Mágicos, na esperança de garantir um pouco de alimentação ou segurança para suas famílias. Mas para a maioria, qualquer tipo de resistência era apenas um sonho distante.

 

A cada novo amanhecer, a pobreza e a humilhação da plebe se tornavam mais visíveis, e o desespero crescia. No entanto, em meio ao sofrimento, também cresceram as sensações de uma revolta silenciosa. Mesmo sem poder, sem magia e sem armas, os plebeus começaram a murmurar sobre um futuro diferente. Eles falaram em sugestões, nas sombras das ruas escuras e nos becos imundos, sobre a possibilidade de um novo caminho — um futuro onde poderiam ser livres da humilhação e da pobreza. Eles não sabiam quando, nem como, mas acreditavam que alguém poderia surgir para dar-lhes uma chance de lutar por esse futuro.

Enquanto a miséria dos plebeus continuava a se espalhar como uma sombra silenciosa pelo Reino de Clover, uma ideia de mudança, embora ainda distante, começava a se fazer ouvir entre os mais oprimidos. Nos mercados, nas tabernas abarrotadas de trabalhadores cansados ​​e nas pequenas aldeias escondidas pelas colinas, as conversas foram mudando. Não eram mais apenas sobre a luta diária para conseguir o pão de cada dia, mas sobre a revolta que estava se formando nas sombras. Algo estava prestes a acontecer — um estalo, uma fagulha — e o reino jamais seria o mesmo.

 

Asta, enquanto navegava na direção ao País Hino, com o grimório de seis folhas em mãos, ainda tinha a mente focada em sua missão. Ele não sabia, mas a cada milha percorrida, sua jornada estava se conectando ao sofrimento e às esperanças dos plebeus de Clover. O grimório dourado, os artefatos misteriosos que ele carregava, não era apenas um símbolo de poder, mas também um farol que atraía aqueles que ansiavam por mudança.

 

Enquanto ele viajava, os murmúrios de sua viagem se espalhavam pelos ventos, chegando aos cantos mais sombrios do reino. A notícia de que um jovem sem magia, mas com uma força inabalável, estava indo em busca de aliados e um novo futuro começou a ecoar por entre as ruas desoladas de Clover. Alguns ainda duvidavam, não acreditando que alguém tão simples pudesse desafiar o sistema. Mas outros chegaram a acreditar que, talvez, fosse possível. Talvez fosse aquele o líder que eles tanto esperavam, alguém que não fosse prejudicado pelo poder, alguém que não tivesse medo de lutar por eles.

 

Em Clover, a opressão dos plebeus era evidente em cada canto da cidade. As ruas estreitas foram tomadas por mendigos e crianças abandonadas, famintas e desesperadas. Quando os Cavaleiros Mágicos passavam, com suas capas douradas e suas magias poderosas, os plebeus baixavam a cabeça, temendo o olhar frio e desdenhoso de seus opressores. Os nobres, por sua vez, ignoravam tudo ao redor, seus palácios distantes da realidade de quem vivia na pobreza. O único motivo de interesse dos poderosos era garantir que o sistema de aulas se mantivesse intocado, e que os plebeus permanecessem no seu lugar — ocasionalmente, pagando impostos, e vivendo na sombra.

 

Mas havia algo que não podia ser ignorado: uma tensão crescente no ar. A cada novo dia, a fome e a miséria davam lugar à raiva, e a raiva gerava um desejo crescente de mudança. Mesmo entre os mais pobres, nas periferias, nos cortiços, a ideia de um novo país, uma nova chance, não parecia mais uma fantasia. Surgiram pequenos grupos de resistência, desejando a fazer o que fosse preciso para ver o reino de Clover cair.

 

E a verdade que os nobres e os Cavaleiros Mágicos mais temiam estava começando a se espalhar: o povo, por mais submisso que fosse, não seria mais silenciado para sempre.

 

Em um dos cantos mais sombrios da cidade, um líder inesperado começou a se destacar. Ele era um simples plebeu, um jovem que havia perdido a família para os cavaleiros, um homem que agora liderava uma pequena resistência nas sombras. Ele soube das palavras de Asta, do jovem sem magia que tinha se recusado a se submeter ao destino que o sistema tentava lhe importar. A notícia de sua jornada se manteve entre os rebeldes, e o líder da resistência descobriu que ele precisava agir.

 

"Se esse garoto realmente conseguiu o que busca, se ele realmente construiu o que está dizendo... então nosso sofrimento terá fim", murmurou o líder rebelde, olhando para o horizonte. "Mas ele precisa de nossa ajuda. E, por mais que eu queira acreditar que ele conseguirá, sei que a jornada dele não será fácil. Nós devemos estar preparados. Se ele falhar... nós falharemos também."

 

No coração do reino, os olhares começaram a mudar. Os plebeus, antes desesperados, passaram a se unir silenciosamente. Eles ouviram as palavras que falaram sobre um futuro possível — um futuro onde não precisariam mais viver à sombra da humilhação. Mas o medo ainda os dominava. O medo de serem caçados. O medo de serem esmagados pelas forças de um sistema que se recusava a ceder.

 

Mas, enquanto isso, Asta continuava sua jornada. Ele não sabia, mas cada passo que dava, cada alma que tocava, estava acendendo uma chama. O grimório dourado em suas mãos, ainda cheio de mistérios, representava não só o poder de um artefato celestial, mas também a esperança de um povo oprimido.

 

Enquanto o navio avançava, Asta sentia, pela primeira vez, a magnitude de sua missão. Ele não estava apenas criando um futuro para si ou para seus aliados. Ele estava criando um futuro para todos aqueles que foram esquecidos, que foram subjugados. Ele sabia que o caminho seria árduo, mas as palavras de Morgana ecoavam em sua mente: "Esse grimório não escolhe apenas pela magia. Ele escolhe aqueles que têm coragem."

 

Com coragem renovada, Asta olhou para o horizonte. Clover estava distante, mas suas feridas estavam cada vez mais claras. Ele sabia que, ao retornar, quando o momento chegasse, as lutas seriam imensas. Mas ele não estava mais sozinho. Ele sentiu que uma força maior estava guiando seus passos.

 

Uma revolução estava começando. E, seja com magia ou sem ela, o destino de Clover começaria a mudar.

FIM 

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