Bungo Stray Dogs: O Livro do Infinito

Yokohama começava a sussurrar um nome com reverência e temor: Os Narradores Eternos. O grupo liderado por Kenshiro havia ganhado uma reputação singular na cidade. Realizavam missões que pareciam impossíveis – infiltrações em fortalezas bem guardadas, resgates que desafiavam a lógica, e confrontos contra organizações poderosas que sempre terminavam com a vitória deles.

A alcunha vinha, claro, de Kenshiro. Seu poder de alterar as histórias e reescrever realidades deixou marcas em cada missão, com resultados tão precisos que parecia que os eventos haviam sido planejados por um autor divino. Não demorou para que os rumores começassem a se espalhar.

Alguns diziam que Kenshiro tinha o poder de prever o futuro. Outros acreditavam que ele podia manipular o destino de todos à sua volta. E assim, a ideia de que o grupo "narrava" os eventos de acordo com sua vontade tomou força. Mesmo os mais céticos não conseguiam negar os resultados: cada passo era impecável, cada vitória parecia orquestrada.

Naquela tarde, Kenshiro, Aika, Hajime e os outros estavam reunidos no salão principal da base. A sala era iluminada por luzes quentes e decorada com mapas da cidade e arquivos sobre várias organizações. Um novo cliente havia chegado, um comerciante influente chamado Takeshi. Ele parecia nervoso enquanto explicava sua situação.

"Minha filha foi sequestrada por uma facção chamada As Garras de Fogo," ele começou, sua voz trêmula. "Eles exigem um resgate absurdo e ameaçam vendê-la para fora do país se eu não pagar. Eu não posso confiar na polícia. Preciso de vocês."

Kenshiro inclinou-se para frente, os dedos cruzados sob o queixo enquanto ouvia. "Você tem informações sobre onde eles estão mantendo sua filha?"

Takeshi entregou um mapa com anotações. "Eles a mantêm em um depósito no porto, mas o lugar é um labirinto. Está cheio de guardas e armadilhas. É impossível entrar sem ser notado."

"Impossível?" Kenshiro sorriu de lado. "Essa palavra não significa muito para nós."

Kaoru, que estava encostado na parede com os braços cruzados, interveio. "As Garras de Fogo não são um grupo qualquer. Eles têm membros com habilidades especiais. Isso pode complicar as coisas."

Hajime deu de ombros, olhando para o mapa. "Complicar é a norma para nós."

Kenshiro se levantou, o olhar confiante. "Preparar-se para complicações é o que fazemos de melhor. Vamos começar o planejamento."

A equipe reuniu-se em torno da mesa, analisando o mapa e discutindo estratégias. Kenshiro era meticuloso, guiando os membros enquanto ponderava cada detalhe.

"Kaoru e Emiko vão infiltrar-se pela entrada lateral," disse Kenshiro. "Aika, você ficará de vigia e dará suporte remoto. Hajime, eu quero você comigo na frente principal. Vamos distrair os guardas enquanto os outros localizam a menina."

"Isso é arriscado," comentou Aika. "Se vocês forem pegos, tudo pode desmoronar."

Kenshiro balançou a cabeça. "Confie em mim. Não seremos pegos."

A confiança na voz dele era contagiante. Mesmo os mais céticos do grupo não conseguiam evitar sentir que, sob sua liderança, tudo era possível.

A noite chegou, e o grupo se posicionou ao redor do depósito no porto. O lugar era enorme, com contêineres empilhados formando corredores estreitos. Guardas armados patrulhavam a área, suas conversas abafadas pelo som das ondas batendo nos barcos atracados.

Kenshiro e Hajime aproximaram-se pela frente, visíveis o suficiente para chamar a atenção. Dois guardas se aproximaram, armas levantadas.

"Quem são vocês? Este lugar é restrito!" um deles gritou.

Kenshiro ergueu as mãos em sinal de rendição, mas um sorriso brincava em seus lábios. "Estamos aqui para fazer um negócio. Pense em nós como... negociadores criativos."

Antes que os guardas pudessem reagir, Hajime avançou como um raio, desarmando um deles com um movimento fluido. O segundo tentou atirar, mas Kenshiro já havia invocado sua habilidade, manipulando a narrativa para que o disparo errasse. A bala ricocheteou em um contêiner, e o guarda caiu, desacordado com um golpe rápido de Hajime.

Enquanto isso, Kaoru e Emiko moviam-se pelas sombras, guiados pelas instruções de Aika, que monitorava os guardas através de uma câmera hackeada.

"Dois guardas à sua esquerda," disse Aika pelo comunicador.

"Entendido," respondeu Kaoru, nocauteando os homens com precisão cirúrgica.

Dentro do depósito, Kenshiro e Hajime enfrentaram resistência feroz enquanto avançavam. Um dos membros das Garras de Fogo revelou ter uma habilidade de pirocinese, lançando bolas de fogo na direção deles. Kenshiro usou sua habilidade para criar uma narrativa em que o poder do homem se tornava instável, fazendo com que ele errasse os ataques.

"Você manipula até as chamas?" Hajime perguntou, impressionado enquanto derrubava outro inimigo.

"Eu manipulo histórias," Kenshiro corrigiu, sorrindo.

Enquanto isso, Kaoru encontrou a filha de Takeshi, trancada em uma sala no fundo do depósito. Ele destrancou a porta e a carregou para fora, encontrando Emiko no caminho.

"A missão está quase concluída," disse Kaoru no comunicador.

"Ótimo," respondeu Kenshiro. "Agora só precisamos sair daqui sem sermos queimados vivos."

A missão foi um sucesso. A filha de Takeshi foi resgatada, e as Garras de Fogo sofreram um golpe devastador em sua operação.

De volta à base, o grupo reuniu-se para descansar, mas as conversas sobre o sucesso da operação ecoavam pelas ruas de Yokohama.

"Os Narradores Eternos," disse Kaoru, inclinando-se na cadeira. "Esse nome está começando a fazer sentido. Cada missão parece... escrita."

Kenshiro sorriu de canto, observando o grupo. "Talvez porque seja exatamente isso. Estamos escrevendo a história desta cidade, uma missão de cada vez."

Enquanto as estrelas brilhavam sobre a cidade, Kenshiro sabia que aquilo era apenas o começo. Mais desafios viriam, mais histórias seriam escritas, e os Narradores Eternos continuariam deixando sua marca.