Chapter 9: Capítulo 9: Segredos Amarrados
Os dois agressores, imobilizados pelas correntes invisíveis, encaravam Kenshiro com expressões mistas de pavor e desafio. O brilho frio nos olhos violeta de Kenshiro parecia perfurar suas defesas psicológicas. Ele cruzou os braços, seu longo casaco balançando levemente ao vento.
"Vou fazer apenas uma pergunta, e espero que a resposta seja clara," começou Kenshiro, sua voz baixa, mas carregada de autoridade. "Quem enviou vocês?"
O homem com a lâmina cerrou os dentes, recusando-se a falar. Já o menor, ainda preso pelas raízes, tremia visivelmente, lutando para evitar o olhar de Kenshiro.
"É melhor você falar," acrescentou Dazai com um sorriso casual, sentando-se na borda da fonte. "O Kenshiro aqui não parece do tipo que gosta de repetir perguntas."
Kenshiro não tirou os olhos do homem com a lâmina, mas sua mão já se movia para o caderno. Ele começou a escrever calmamente: 'Um peso invisível desce sobre aqueles que escondem a verdade, esmagando-os lentamente até que falem.'
Assim que terminou a frase, os dois homens começaram a suar. Seus corpos pareciam ceder sob um peso crescente e invisível. O menor ofegou, gemendo de dor, enquanto o outro ainda tentava resistir, embora sua postura rígida já mostrasse sinais de cansaço.
"Você está brincando com fogo," o homem com a lâmina conseguiu dizer entre dentes cerrados.
"Eu sou o fogo," Kenshiro respondeu friamente. "E você está começando a me entediar."
O menor, incapaz de suportar a pressão, gritou: "Espera! Espera! Eu falo!"
Kenshiro levantou a caneta do caderno, e o peso invisível diminuiu ligeiramente. Ele se aproximou, inclinando-se até que seus olhos violeta estivessem no mesmo nível do homem.
"Continue," Kenshiro ordenou.
"Foi... foi um contratante anônimo," o homem começou, sua voz tremendo. "Recebemos instruções por meio de um intermediário. Não sabemos quem está por trás disso."
"Mentira," disse Kenshiro imediatamente, sua voz tão afiada quanto uma lâmina. Ele voltou a escrever: 'Mentiras se tornam um nó ao redor da garganta, apertando cada vez que são pronunciadas.'
O homem começou a engasgar, segurando a garganta enquanto lutava para respirar.
"Por favor!" ele gritou, lágrimas escorrendo pelo rosto. "Eu não sei o nome dele, mas ouvi rumores... ele é chamado de 'Corvo Branco'."
Kenshiro franziu o cenho. Era um nome que ele nunca tinha ouvido antes, mas a maneira como o homem o pronunciou deixava claro que esse "Corvo Branco" era uma figura temida.
"Quem é ele?" Kenshiro pressionou.
"Alguém que controla coisas nos bastidores," respondeu o menor, ainda engasgando, mas determinado a salvar sua vida. "Ele opera fora das grandes organizações. Ele não é da Agência, da Máfia ou do Exército. É um fantasma."
Dazai, que até então estava observando silenciosamente, finalmente se interessou. Ele inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com uma curiosidade repentina.
"Corvo Branco, hein?" murmurou. "Parece que você conseguiu atrair a atenção de alguém importante, Kenshiro."
Kenshiro estreitou os olhos, absorvendo a informação. Ele sabia que figuras como essa eram perigosas porque operavam no escuro, longe das alianças e das rivalidades conhecidas.
"Última pergunta," disse Kenshiro. "Por que ele quer a mim?"
Os dois homens se entreolharam, claramente em conflito. Após alguns segundos tensos, o homem com a lâmina finalmente falou:
"Ele disse que você é uma ameaça ao equilíbrio... que sua habilidade pode destruir tudo o que ele construiu."
Antes que Kenshiro pudesse processar totalmente a informação, os dois homens começaram a se contorcer. Uma fumaça negra emergiu de seus corpos, cobrindo-os completamente em questão de segundos. Kenshiro tentou intervir, escrevendo rapidamente no caderno: 'O nevoeiro é dispersado por uma corrente de ar.'
Mas quando o nevoeiro se dissipou, os corpos dos dois homens estavam imóveis, sem vida.
"Ah, que pena," disse Dazai, levantando-se. "Parece que alguém não queria que eles falassem mais."
Kenshiro fechou o caderno lentamente, sua expressão impassível. No entanto, internamente, ele sentia um misto de frustração e curiosidade. Quem era esse "Corvo Branco"? E por que ele já se sentia como uma peça central em um jogo que mal tinha começado?
"Bem," disse Dazai, ajustando o casaco. "Parece que você tem inimigos interessantes, Kenshiro. Se precisar de ajuda para navegar esse emaranhado de conspirações, sabe onde me encontrar."
Kenshiro não respondeu imediatamente. Seus olhos estavam fixos nos corpos agora inertes dos agressores. Finalmente, ele guardou o caderno e olhou para Dazai.
"Eu cuido disso sozinho."
Dazai riu. "Claro que cuida. Mas lembre-se: até mesmo os melhores jogadores precisam de aliados às vezes."
Com isso, Dazai se afastou, assobiando despreocupadamente, deixando Kenshiro sozinho na praça. O vento voltou a soprar, carregando consigo a promessa de mais segredos por desvendar.